“Um problema chamado de habitação”
- Batalha Liberal
- 22 de mai.
- 3 min de leitura

O problema da habitação em Portugal resulta de vários fatores que se arrastam há anos. Desde a crise de 2008, o setor da construção perdeu grande parte da sua capacidade de resposta. Em 2002, construíram-se 125.700 fogos, mas em 2015 esse número caiu para uns míseros 7.126. A situação agravou-se com a lentidão das Autarquias em agilizar licenciamentos.
Em 2014, uma mudança legislativa eliminou os terrenos urbanizáveis, reclassificando-os como rústicos ou urbanos, o que provocou uma perda significativa de solo disponível para construção.
“Por cada ano de atraso nos licenciamentos, o preço das casas sobe 500€ por m²
A alta carga fiscal sobre a construção, aliada ao aumento das taxas de juro do crédito à habitação, torna o cenário ainda mais desolador. Por cada ano de atraso nos licenciamentos, o preço das casas sobe 500€ por m². Não surpreende, portanto, que Portugal seja um dos países da UE onde o acesso à habitação mais se degradou.
O maior obstáculo ao acesso à habitação é a falta de oferta, o que gera um fosso crescente entre o preço das casas e os salários – algo bem visível também na Batalha.
É urgente que o Município da Batalha assuma uma postura clara para enfrentar este problema. O Estado não pode, e nem deve, fazer tudo. O seu papel é FACILITAR, não atrapalhar quem quer ser parte da solução.
“O Estado não pode, e nem deve, fazer tudo. O seu papel é FACILITAR, não atrapalhar.”
A Iniciativa Liberal tem feito várias recomendações para reduzir o impacto financeiro e a burocracia, propondo, por exemplo:
Redução de impostos como o IMT e o IMI;
Isenção de taxas municipais para novos projetos de habitação.
Em setembro de 2023, propusemos — e foi aprovada — a criação de um Grupo de Trabalho para a Habitação no concelho, com o objetivo de discutir medidas para aumentar a oferta, reduzir prazos, taxas e burocracia. Contudo, esse grupo ainda não se reuniu, por razões desconhecidas.
Seria lógico que as receitas do IMT e IMI fossem canalizadas para a habitação. Para 2024, o Município prevê 2,8 milhões de euros em receitas fiscais, mas planeia investir apenas cerca de 230 mil euros (0,8% do orçamento) em habitação. Isto demonstra a ausência de prioridade dada ao tema.
Na última campanha, o Movimento Independente (MIBT) prometeu rever o PDM. No entanto, o Executivo rejeitou uma recomendação da IL para prolongar o prazo da auscultação pública na 2.ª revisão do PDM. Essa recusa prejudica os habitantes da Batalha e revela desrespeito pelos deputados eleitos e pela democracia participativa.
É crucial que o Executivo adote uma visão de futuro. Adiar esta discussão só agravará o problema. Existem bons exemplos no país de Autarquias que procuram soluções com coragem e eficácia.
As medidas urgentes passam por:
Simplificar o licenciamento;
Remover obstáculos à construção e reabilitação;
Incentivar proprietários a colocar no mercado casas devolutas;
Promover parcerias entre o público e o privado para acelerar a construção.
A título de exemplo, o Município de Alcanena assinou em julho um contrato de concessão-construção de habitação a custos acessíveis, num total de 107 fogos.
O Estado precisa de sair da frente e deixar de complicar a vida a quem quer construir.
Quando damos liberdade e condições, as soluções aparecem.
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